segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Closed

Era isso. Mudanças. Sigam através do espelho.

See you there.

Finding the Way Home

Às vezes eu nem noto.

Criatura de hábitos, caio em rotinas insanas não-notáveis exceto pelo contínuo não-resultado da repetida ação.

Explicando melhor, ou talvez mais claramente, é como abrir seu software de e-mail, checar suas caixas, fecha-lo, esperar vinte segundos e abrir de novo. Não pelo raciocínio de "pode ser que agora tenha alguma coisa", mas sim pelo hábito muscular de efetuar a operação.

O mesmo eu poderia dizer dos habitos alimentares, dos de sono, ou de escrita. É fácil cair num padrão maçante e medíocre. Dizem que não há nada pior que o medíocre, e tendo a concordar com tal afirmação. Mesmo as sensações negativas, quando medíocres, são só um incômodo quase-invisível que escapa a sua percepção exata do que há de errado e, portanto, impede que você formule uma sagaz solução para derrubar a mediocridade. Até as sensações físicas negativas são assim. Uma dor diminuta, em um lugar que você não sabe dizer exatamente qual é, mesmo que sendo um mal menor do que aquele que gera pura dor lancinante, incomoda você por tempo suficiente para você ter resolvido e esquecido a sensação horrível. O medíocre não é o fim, nem o começo. O medíocre é o lento arrastar de horas sem sentido rumo a lugar algum.

A conclusão que posso chegar desse ensaio de ensaio sobre a mediocridade é que, quando seguindo aquela estrada enlameada que leva de volta para casa coberta por névoas que não deixam você saber o quão perto ou longe você está de onde saiu ou de onde quer chegar, a única saída é parar, respirar fundo, fechar os olhos e sair do meio da estrada, rumo ao desconhecido.

Mas rumo a algo.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Humor Me

Atos terríveis e impensáveis. Que tipo de vil enfermidade insidiosamente impede sua vítima de descansar e força-a em uma jornada incessável através de raios remelentos de sol e prédios escuros onde a massa torpe dos homens permanece em repouso. Em tais lugares nefandos, a esperança é colhida como espigas de milho e jogadas em uma cesta de vime antigo, prontas para serem queimadas e devoradas pelos simplórios servos de um reino decadente. Nesse lugar, os homens são rotulados, registrados e numerados. De senhores do universo tornam-se peças em um jogo ao qual, em sua grande maioria, lhes interessa o resultado mas nunca têm chance de jogar. Mas sonhos dissolvem-se como fumaça, e como fumaça eles não podem ser quebrados e consumidos tão facilmente. Espessos, de cores do escarlate ao violeta ao verde e de outras entre que são popularmente conhecidas como "aquela cor ali ó moça", eles flutuam ao redor, acima e dentro dos pobres habitantes da esfera mortal. Em busca da efêmera essência do prazer do reino das idéias, o homem se move rumo à luz da razão que não diminui ou destrói a noite, mas sim ainda faz dela mais misteriosa e desejada.

E no final, cansado de lutar, feito o que poderia para enfrentar o desconforto de um inimigo que o devora por dentro sem que possa ser detido, o homem abandona a consciência e joga-se ao reino da areia no olhar. À deriva.

Livre.

OU, eu poderia dizer simplesmente que não consegui dormir por uma pseudo dor na perna, então decidi fazer minha carteira de identidade em um horário absurdamente cedo, invadi uma aula de literatura pela vontade de estar lá e finalmente, depois de um almoço tardio, dormi enquanto tentava assistir televisão para me distrair da dor.

Eu prefiro a opção primeira.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Tiny Dancer

Há menos de um mês, em uma dessas noites sem-fim, me vi escrevendo o trecho abaixo.

"Acho que estou preso em uma dança ensaiada vezes demais.

Eu abro a aquarela e despejo angústia sobre as cores do mundo e as misturo até que não sejam mais o que eram e voltem a ser a mesma coisa que sempre as torno. Cores pálidas, ecos perdidos de gritos direcionados ao espaço onde nada espera a não ser um único olho silencioso de porcelana.

Soluço. Brinco. Volto-me para o escárnio e tranco-me dentro dessa armadura irredutível de ânsias e sonhos mal-formados. Esticando-me tentando atingir o salto perfeito sem sequer tentar pular.

Pro meu azar, meu inimigo não é o Universo-Criatura-Vilã.

É o próprio dançarino.

Oh me, sad hours seem long.
"

Estava aqui, guardado.

Até agora.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Searing Star

As vezes tem umas coincidências. Olhem essa, por exemplo:

Do not go gentle into that good night
"Do not go gentle into that good night,
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.

Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.

Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.

Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.

Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.

And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless, me now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.
"


Não entres nessa boa noite com doçura
"Não entres nessa boa noite com doçura,
Pois a velhice deveria arder e delirar ao fim do dia;
Odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.

Embora os sábios, ao morrer, saibam que a treva lhes perdura,
Porque suas palavras não garfaram a centelha esguia,
Eles não entram nessa noite acolhedora com doçura.

Os bons que, após o último aceno, choram pela alvura
Com que seus frágeis atos bailariam numa verdenbaía
Odeiam, odeiam a luz cujo esplendor já não fulgura.

Os loucos que abraçaram e louvaram o sol na etérea baltura
E aprendem, tarde demais, como o afligiram em sua travessia
Não entram nessa boa noite com doçura.

Os graves, em seu fim, ao ver com um olhar que os transfigura
Quanto a retina cega, qual fugaz meteoro, se alegraria,
Odeiam, odeiam a luz cujo esplendor já não fulgura.

E a ti,meu pai, te imploro agora, lá na cúpula obscura,
Que me abençoes e maldigas com a tua lágrima bravia.
Não entres nessa boa noite com doçura,
Odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.
"

Incrível. Tirou as palavras da minha boca.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Beauty in Breakdown

O mundo mu(n)dou. Eu mu(n)dei. E mu(n)dei horrores. Funda(mentalmente) mu(n)dado.

However, ainda não acredito em muita coisas.
Em acordar de manhã porque é o que as pessoas "normais" fazem.
Em trabalhar porque é o que as pessoas "normais" fazem.
Em ir dormir de noite porque é o que as pessoas "normais" fazem.
Em ter uma namorada porque é que as pessoas "normais" fazem.
Em me vestir como as pessoas "normais" se vestem.
Em falar com as pessoas "normais" falam.

Essas pessoas não existem. E se existem, estão disperdiçando uma excelente oportunidade. A de estarem vivendo sua própria vida. I would know. Wasted a lot of it. Past tense.

Quero fazer tudo isso. Mas não porque as pessoas "normais" fazem. Tenho minhas próprias razões.

E elas são só minhas.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Grace of Air

Desço pela ladeira ouvindo as badaladas que marcam as horas da minha vida.

Um, dois, doze, dezoito, vinte e oito. Todas soam melhores do que as anteriores e ainda assim é difícil não sentir um salgado de saudade deixado para trás nas bordas dos sinos. Cada lágrima derramada, cada pedaço retorcido de um coração partido, cada momento ridículo e irredutível desenham os frisos no pedaço de metal e transformam-no de uma forma grande, pesada e desengonçada no mais gracioso instrumento que já ouvi.

São as horas da minha vida que estão gravadas ali. Todos os tons e intenções.

Toda a graça do meu mundo.